Sejamos o que somos

porque somos assim
como a poça segura em manter-se após a chuva
que olhará para o sol que com seu calor a evaporará
insistimos por aquele que queríamos nosso caminho
e na interação conjunta humana somos levados a outro ponto
por vezes caímos novamente na mesma poça que parece forte
e novamente seremos evaporados
poderíamos nos impulsionar à absorção do solo
transformar-nos numa planta, quiçá numa flor
enobrecer o mundo partilhando de outras cores
outros destinos, aceitando outras formas de vida
mas, insistimos à mesma poça
como mudar esse destino mesmo sentindo a força deste caminho
dentro de nosso ser
talvez se manter poça para ser absorvido pelo animal que mata sua sede
e, novo caminho trilharíamos, novos destinos encontraríamos
e qual seria o caminho verdadeiro se a cada momento
criamos expectativas novamente
talvez o correto seria apagarmos tudo e aceitarmos novo rumo
que sentimos novas alegrias, novas ambições
sem se preocupar de que não fosse esse nosso real caminho
voltaríamos a evaporar e nos transformar em poças
podendo novamente evaporar, ser absorvido ou mesmo tomado
sabe-se lá o caminho que devemos ter
mesmo que por vezes vejamos a distância do que queríamos
e aceitar esse novo caminho com vaga lembrança de nossos objetivos
porque já sei que os objetivos mudam sempre
nossa inquietude não deveria simplesmente
querer abraçar tudo numa única vez
forçando a compatibilidade do incompatível
permitamos-nos portanto não de esquecer o que gostaríamos que fosse
mas que sejamos o que somos

Henrique Pinto – 25.07.09